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miércoles, 29 de agosto de 2012

o exótico, o fantástico e o insólito na viagem pelos mares do Sul

POE, Edgar Allan (2007) A Narrativa de A. Gordon Pym,  Publicações Europa-América, Diário de Notícias, Lisboa, 141 pp.
Publicada pela primeira vez em 1837 com o seu título completo The Narrative of Arthur Gordon Pym of Nantucket, esta obra representa o primeiro romance, qualificado por alguns críticos também de novela, do célebre escritor americano Edgar Allan Poe.
Este autor, mais conhecido no mundo pela sua tendência de escrever contos curtos, com esta narrativa não deixa de surpreender os leitores, despertando neles o gosto pelo insólito, pelo terror, pelo estranho e pelo exótico
Difícil de ser classificada num só género literário, porque contém elementos de conto, romance, diário de bordo, texto de carácter científico (o que se manifesta na introdução das figuras e desenhos), esta obra também contém alguns dos paratextos literários, tais como o prefácio e a nota final, fazendo a mistura de registos e estilos não apenas possível, mas desejável e inevitável.
Narrando uma série de aventuras de Arthur Gordon Pym e dos seus companheiros de viagens pelos mares do Sul (naufrágios, encontros com nativos das longínquas ilhas, os costumes estranhos como o canibalismo), Edgar Allan Poe leva os leitores aos mundos em que se combinam o real e o imaginário.
Para esta narrativa alguns acontecimentos reais serviram-lhe de inspiração, juntamente com a sua própria experiência de viajante marítimo, sendo por sua vez este livro uma grande fonbte de inspiração para Júlio Vernes e Herman Melville. 
Além do gosto pelas aventuras empolgantres, o insólito e o arrepiante, o que se revela nesta narrativa são o brilhante estilo e a linguagem bem escolhida, o que mais uma vez confirma o génio literário deste autor.
Na altura da sua publicação esta obra dividiu a crítica em dois extremos, uma vez que entre os críticos havia os que menosprezavam a qualidade literária do romance e outros que elogiavam demasiado a sua capacidade de descrever situações no limite entre o fantástico e aquilo que pertence ao domínio do real e compreensível.
Na nota final menciona-se que os últimos dois ou três capítulos da narrativa que ainda faltava rever ficaram destruídos no acidente em que morreu Arthur Gordon Pym. com esta estratégia, por ventura o autor pretende desculpar-se de algumas possíveis falhas que terá cometido ao desenvolver a trama a nível de um romance, como também dá mais um toque de mistério e de imaginação ao seu livro, deixando os leitores na expectativa e ao mesmo tempo confortados com uma explicação razoável para um final súbito.
Mais do que uma leitura recomendável para férias, esta é uma obra que vale a pena ler pela forma de construir a história e as personagens, pelo modo de abordar as quest\oes do desconhecido e do inusitado, sem cair no cliché e sem ser demasiado pretenciosa.

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