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lunes, 6 de agosto de 2012

lidar com a morte e com o absurdo: a perspectiva do filme SWANS

Filme: Swans
Género: Drama
Duração: 126 min.
Realização: Hugo Vieira da Silva
Com: Kail Hildebrand, Ralph Heferth, Maria Schuster
A história sobre um pai e um filho adolescente que se deslocam a Berlim para visitarem a mãe do rapaz que está em coma, pareceu prometedora porque poderia ddar muito material para a reflexaõ e para a expressão dos afectos, para o auto-conhecimento e para a descoberta do Outro enquanto ser próximo e não como um estranho. O que o filme, porém, oferece é uma versão mais dura e mais absurda da realidade.
enquanto o pai parece preocupado com o estado de saúde da sua antiga companheira e com o dever de aproximar o filho dela, o rapaz, um jovem rico e mimado, habituado apenas a comodidades e liberdades sem saber o que é o sofrimento e a responsabilidade, perante a dor e à situação da sua mãe, afugenta-se no seu mundo, um ambiente cheio de música barulhenta, grafitis, prendas caras e marijuana.
A obrigação de enfrentarem-se com a doença e a dor, leva o pai e o filho pelo caminho da solidão e do isolamento, da não comunicação e de um silêncio absurdo e vazio que deve ser preenchido de qualquer forma.  Ouvem-se com a maior precisão todos os sons possíveis. os passos na neve, o vento, a urinação, o guardanapo rasgado, o skatbord pelos corredores do hospital, os suspiros durante as necessidades fisiológicas; tudo o mais banal parece merecer mais atenção nos ouvidos do espectador, menos a palavra. Se há qualquer comunicação entre o pai e o filho, ela reduz-se a frases curtas e declarativas sobe questões referentes da rotina do dia-a-dia. o menino nem sequer procura reconstruir a história da vida da sua mãe, não se pergunta sobre o sofrimento dela, está ali diáriamente ao seu lado, mas mais por obrigação e por nçao ter outra forma para preencher o tempo.
Para o rapaz adolescente, o encontro com a mãe no hospital não é mais que uma descoberta do corpo em todos os sentidos da palavra e com a experiência  de todos os sentidos envolvidos nesse processo: o tacto, o cheiro, a visão, a audição, e esta experiência é às vezes exagerada.
este filme, embora de formas por vezes demasiado drásticas coloca questões sempre actuais sobre a vida e a morte, a doença de uma pessoa próxima, a esperança e a sua ausência. Maisd do que isto tudo, o filme salienta um assunto muito delicado: a dignidade do ser humano quando sofre, sendo nesta obra apresentado o problema do ser humano como indigno e praticamente sem qualquer valor. O corpo da mãe, fragilizado, imóvel e indefeso, não é nem deveria ser o material para brincar nem deve ser observado como um objecto estranho que desperta curiosidade. O filho, mesmo que não tenha crescido com a mãe, e mesmo que nçao tenha estabelecido uma relação próxima com ela, não tem direito de cheirá-la, beliscar-lhe o peito, tocar-lhe a vagina, porque isso, além de violar a intimidade da mãe, já entra no domínio do perverso e do inusitado, do anormal e do quase incestuoso.
o facto de no fim do filme, o menino abraçar a mãe, pode interpretar-se como uma pequena capacidade de mostrar afectos, como um sinal curto e frágil de sentir o desejo de se aproximar dela, que dá ao argumento um ligeiro toque optimista no meio de tanto absurdo, monotonia, solidão e desespero. Tal como o corpo da mulher doente é considerado estranho pelo seu próprio filho, pelos enfermeiros e médicos é tratado como um objecto que lhes dificulta o trabálho diário.
Sem qualqueer valor cristão, sem qualquer emoção sincera, este drama mostra uma realidade na sociedade europeia contemporânea ocidental: a dor,  a morte e o sofrimento são sistematicamente afastados da vida quotidiana e quando o homem se vê forçado a enfrentá-los, não sabe o que fazer com eles, o que dá um excelente material para examinar a própria consciência e os próprios valores em que se acredita ou deve acreditar.
Uma boa realização, uma excelente actuação do rapaz, um tema difícil, que poderia perfdeitamente ser abordado de outra forma, mas também um tom demasiado pessimista e negativista, em poucas palavras é o que caracteriza esta obra cinematográfica, forçando o espectador a aguentar-se para não abandonar o cinema antes do filme.

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