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sábado, 18 de mayo de 2013

O comboio nocturno para Lisboa

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Filme: O comboio nocturno para Lisboa
Género: Drama
Com: Jeremy Irons, Adriano Luz, Beatriz Batarda
Realização: Billie August
Cinema. El Corte Inglés
Um professor de meia idade, que tem a sua vida estável e organizada e o seu emprego seguro em Berna, um dia impede a uma jovem de cometer o suicídio atirando-se duma ponte. No bolso do casaco dela encontra o livro "O Ourives das Palavras" de Amadeu de Almeida Prado e decide apanhar o comboio nocturno para Lisboa, indo à procura da história de vida do poeta e da rapariga, proprietária do livro. Esta decisão introduzirá uma mudança radical na sua vida, vai proporcionar-lhe o desejo e a curiosidade de conhecer todos os cantos mais recônditos da cidade de Lisboa, que aos seus olhos se revela como um lugar encantador, libertador e acolhedor. Chegando ar reconstruir a história dos acontecimentos imediatos ao 25 de Abril (cujo participante directo era também o poeta e pensador português Amadeu de Almeida Prado), começa a compreender melhor a sua criação literária, ideias políticas, revolta contra Deus, a Igreja Catlica, as convenções sociais. No seu percurso, que também era uma forma de o Professor se conhecer melhor a si próprio, encontra uma senhora que não o considera aborrecido e que se apaixona por ele.
Um filme baseado em factos reais, bastante emocionante e comovedor, mais do que sobre a vida de uma das figuras importantes da cultura portuguesa, fala sobre o valor e a importância da vida, da poesia, da amizade, dos peqenos momentos que fazem a felicidade das pessoas, da  poesia, da liberdade e das oportunidades que surgem ao longo da vida. O filme termina com a despedida do Professor e a sua amada na Estação do Rossio, sem se deixar a saber se ele chega a voltar à sua vida segura, ou decide ficar em Lisboa, cidade das suas grandes descobertas, aventurando-se a viver a sua felicidade tardia. Esta é uma obra cinematográfica sobre o choque de culturas e modos de pensar, a identificação com o Outro como uma forma de auto-conhecimento, a procura de um caminho próprio e a felicidade. A excelente actuação de  Jeremy Irons, as encantadoras imagens da cidade de Lisboa e um argumento muito bem narrado são algumas das mais-valias deste filme. Entre os seus pontos menos fortes salientar-se-ia o facto de as personagens que desempenham o papel de portugueses falem sempre inglês e de algumas das localidades não corresponderem ao nome que se lhes dá no filme.  Este é um convite para ler-se a obra de Amadeu de Almeida Prado, de reflectir-se sobre a recente história de Portugal e para se pensar sobre alguns dos temas universais como a posição do indivíduo no mundo e a procura de um sentido da vida.

miércoles, 1 de mayo de 2013

Não à maneira chilena

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Filme: Não
Género: Drama
Duração:118 min.
Com: Gael García Bernal, Alfredo Castro, Antonia Zegers, Christopher Reeve, Jane Fonda, Richard Dreyfuss
Realização: Pablo Larrain
Em 1988 pressionado internacionalmente o presidente e ditador chileno Augusto Pinochet convoca um referendo no qual se decidiria o futuro do Chile: os chilenos tinham duas opções ou votar em mais oito anos do seu Governo, ou um caminho novo de transição e democracia. Tudo dependia apenas de duas palavras: "sim" ou "não" e de uma boa campanha eleitoral, de uma propaganda bem conseguida e de uma mensagem correctamente transmitida mais do que propriamente das ideias políticas. Os ieólogos do "não" decidem contratar um jovem, criador também dos anúncios de um refrigerante conhecido (curiosamente chamado FREE (livre), que quase que foi profético dentro do contexto que favoreceu a derrocada do regime totalitário. Este espírito criativo deve inventar uma campanha diferente, que garanta uma maior comparência ´ás urnas, que desperte interesse nos mais novos e que elimine o medo nos mais velhos, sendo ao mesmo tempo alegre e tocando nos temas sérios tais como desaparecimentos, mortes, censuras, recessão. O símbolo da vitória, á primeira vista um pouco infantil e irrisório, um arco íris, pode ter uma múltipla simbologia (unir todos os chilenos independentemente das pertenças políticas em prol de um objectivo comum- uma vida mais feliz e despreocupada, como também pode ser uma vaga alusão á aliança do Antigo Testamento que prometia que não haveria mais dilúvios.) Do mesmo modo este arco-íris prometia o "não" á censura, á fome, á violência, ao suicídio e muita outras questões importantes que atormentavam o Chile de Pinochet, mas que permaneciam escondidos devido à política  opressora do regime.
Seria interessante observar este filme do ponto de vista das tácticas de marketing tanto da perspectiva das imagens, que oferecem uma visão do mundo divertida e provocadora (jovens dançando nas ruas, piqueniques na natureza,alusões a alguns episódios históricos) e por outro lado as formulações frásicas negativas, que pretendem chamar a atenção para o lado optimista e humorístico da vida.
Vale notar também que no filme se tocam os temas da indiferença em relação ao sofrimento dos outros (no caso da senhora que vota no regime antigo porque os seus filhos estão bem, estudando ou trabalhando, enquanto não mostra muita sensibilidade em relação aos joven.s desaparecidos), as campanhas sujas, a luta pelos ideais, a procura da felicidade pessoal, o medo (do próprio criador da campanha pelo seu filho e ex-mulher no meio do caos e do desordem nas ruas), questiona os regimes totalitários no geral, salienta os efeitos das aparências (a voz do Presidente Pinochet parece muito indecisa, neutra, fraca), mas também convida para uma reflexão sobre se mais vale suportar um mal conhecido ou atrever-se a viver algo novo. Uma outra questão que se levanta é se é possível votar numa campanha tão alegre e prometedora sem ser um pouco manipulado também. é curiosa a personagem do filho do protagonista, menino que não fala muito, mas observa tudo, absorve as impressões do mundo que o rodeiam, sendo ele o motivo principal da luta e da inspiração do pai.
Com um ligeiro humor latino-americano, uma excelente actuação de Gael García e muitas imagens bem-sucedidas este é um filme que perpetua uma parte da História chilena e  faz pensar nos valores universais, como também em segundo plano questiona a democracia financiada e apoiada pelos americanos e por isso vale muita pena vê-lo.