BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Realização: Susanne
Bier
Filme: Só
Precisamos de Amor
Género: Drama
Duração: 116 min.
Com: Kim Bodnia, Molly Blixt Egelind, Pierce Brosnan
Cinema: El Corte Inglés
Depois
de voltar da última sessão de quimo-terapia e de receber a feliz notícia de que
está curada, Ida volta para casa pensando que iria alegrar o seu marido Life,
de quem está segura que a aceita e ama tal como é. Em vez disso, apanha-o com
uma bela e jovem colega de trabalho. Como desculpa ouve a resposta do marido
que estava cansado dela e da sua doença e que precisava de satisfazer as suas
necessidades físicas. Indignada e triste, decide ir sozinha à Itália, para
assistir ao casamento da filha. Depois de um pequeno acidente de carro no
aeroporto, conhece Philipp, a quem considera a pessoa mais antipática e
rabugenta que jamais tinha conhecido. Além de ser o pai do noivo da filha de
Ida, é um homem de negócios com muito sucesso na sua carreira, que parece
inacessível e rude, escondendo na verdade a sua vulnerabilidade e tristeza por
ter perdido a esposa há muitos anos.
O
casal principal nesta história, os jovens que se deveriam casar e que deveriam
estar radiantes de felicidade, estão atormentados pelas suas dúvidas,
fingimentos, desejos de deixar uma boa impressão perante os outros, sufocando a
sua relação com trivialidades (porque é que em todo o tempo das preparações do
casamento não tinham relações, se ele ainda a deseja etc.), para no final
resultar que o noivo é homossexual, frustrado por não ter tido a devida atenção
e amor paternal, e que se pretendia casar apenas para criar uma imagem de filho
perfeito. A rapariga, também, sendo contra o casamento e bastante superficial
nos seus projectos de se casar, quer fazê-lo sem ela mesma saber a razão.
Enquanto os jovens se revelam como pessoas sem força nem desejo para enfrentar
os desafios da vida, sem sonhos nem ideais, sem motivação nem um alvo por que
lutar, os mais velhos e maduros, Ida e Philipp já sabem claramente o que
querem, querem dar o seu apoio, amizade, compreensão. Os dois redescobrem como
lidar com a dor, a perda, a indiferença e o preconceito dos outros. Ela, apesar
de ser cabeleireira numa localidade pequena na Dinamarca e apesar de ter uma
vida bastante recolhida, decide aventurar-se e partir em direcção da Itália,
desprezar o seu marido e reconstruir a sua vida, sem saber ainda se o seu
cancro voltou a aparecer ou os sintomas foram apenas um falso alarme.
Paralelamente
com estas duas histórias de amor desenrola-se a aventura entre Life e a sua
jovem amante, que se baseia apenas numa atracção física temporária, o que se
revela no dia do casamento da filha de Life, em que ela bebe muito, comporta-se
como uma mulher vulgar, tentando seduzir o próprio filho do seu amante.
Mais
do que um filme de amor, é uma obra que nos faz reflectir sobre as questões
como: onde é que termina o amor e começa o desejo de que os outros tenham pena
dos nossos problemas, se mais vale a solidão ou um casamento que cumpre com as
convenções sociais, o que é necessário para uma relação funcionar…
Mesmo
que pareça estereotipado em alguns aspectos, o filme fala de relações
familiares arruinadas, do egoísmo, da amizade, das falsas aparências, de que o
amor não é mito e que é necessário um grande esforço para uma pessoa se
conhecer a si própria e aos outros.
Com
umas esplêndidas imagens da Itália, e
uma boa actuação de Pierce Brosnan, este é um bom passatempo para um fim da
tarde, como também é uma boa escolha para os que gostam de perceber melhor os
seres humanos com todos os seus defeitos, preocupações sonhos e temores.
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