Entradas populares

sábado, 14 de septiembre de 2013

O Gosto do Saké resenha

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Filme: "O Gosto do Saké"
Género: Drama
Duração:112 min.
 Realização:  Yasujirô Ozu
Com. Chishû Ryû, Shima Iwashita, Keiji Sada
Cinema: Espaço Nimas

O filme relata a história de uma família provavelmente de classe média no Japão dos anos sessenta do século passado. O pai é viúvo e idoso, uma das suas filhas é casada, outra solteira e o seu filho também solteiro vive com eles. Com o filho a trabalhar muito e a filha mais nova a tratar das tarefas domésticas e a fazer-lhe companhia, a sua solidão não parece tão pesada e profunda. Na sua rotina quotidiana, o pai parece não ver que a sua filha Michiko já tem 24 anos e que já deve pensar em casamento. Quando os seus amigos (e companheiros do saké) lhe perguntam por ela, responde sempre que ela ainda não está pronta para isso, sem sequer saber a opinião dela a esse respeito. No fim do filme, chega-se à descoberta de que a jovem está apaixonada por um rapaz que, mesmo tendo estado interessado nela, após a sua constante rejeição, encontra outra noiva. O pai empenha-se em encontrar-lhe um marido conveniente para ela, tentando primeiro ser benevolente e sem obrigá-la. A submissão da filha é tal que aceita respeitar a vontade paterna e casar sem amor. Com a saída de Michico de casa, o pai consola-se com o saké e mergulha ainda mais na sua solidão.
O filme coloca várias questões importantes: a rejeição do envelhecimento e o facto de os filhos crescerem, a submissão da mulher no meio patriarcal, a solidão, a monotonia da vida quotidiana, a posição dos filhos em relação à autoridade paterna, a felicidade, o casamento. É interessante que todas as figuras femininas no filme são excelentes donas de casa, submissas aos maridos, quase não se vêem quando andam por casa, o que dá a ideia de uma cultura marcadamente masculina em que elas apesar de tudo não são infelizes nem discriminadas.Os homens, porém, desfrutam dos moments de descanso com oas amigos, vendo transmissões directas de eventos desportivos, conversando e bebendo saké, que neste filme não é apenas uma bebida: é um ritual, fio condutor da história, forma de os amigos se abrirem mais uns com os outros procurando consolação e alívio. É interessante o episódio do capitão e o seu amigo que no bar ao som da marcha e acompanhados da bebida lamentam a perda japonesa da Segunda Guerra Mundial, que é uma questão muito dolorosa para esta cultura.
Os ambientes (imagens da cidade e das casas) estão pintados de cores escuras, a lentidão dos movimentos da câmara, o ritmo pausado dos diálogos e cenas contribuem ainda mais para o reforço da solidão, melancolia, abandono e inevitabilidade da velhice, porém tudo isto deixa um tom sufocante nesta obra cinematográfica e impede a sua apreciação completa,

jueves, 12 de septiembre de 2013

Danijela Stil, Letnikovac, prrikaz knjige

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
 STIL, Danijela (2013) Letnjikovac, Evro-Giunti, Beograd, 335. str. Sa engleskog prevela Lena Vasiljevic

Kada legendarni, mada ostareli holivudski glumac Kuper Vinzlou, naviknut na velike troskove, skupe provode i laku zabavu sa starletama, manekenkama i mnogo mladjim glumicama (uglavnom porno filmova) shvati da je u dugovima i finansijskoj krizi, morace da izda deo svoje prelepe kuce Lernjikovca podstanarima Marku Fridmanu  i Dzimiju O' Konoru. Pokusavajuci da odrzi sliku luksuza i rraskosnog zivota u javnosti, ni ne shvata koliko je povrsan, samoziv i hedonista, sve dok u njegov zivot ne udje skromna, vredna, cestita i inteligentna doktorka Aleksandra Medison, prva osoba kojoj on nije bio potreban da bi se uz njega promovisala ili obogarila, jer je i sama bila zadovoljna svojim profesionalnim zivotom, ali i bogata naslednica i cerka uglednih licnosti, Ona je prva sa kojom ce moci da razgovara na bilo koju temu, a da to nisu novas ili seksualni odnosi. Ona ga razume, budi u njemu iskrenost, neznost, zelju da se prilagodi i ponasa zastitnicki prema njoj, da se upristoji i sazrene kao osoba, Ipak, njihovoj ljubavi namecu se razne prepreke: ona je cetrdeset godina mladja od Kupera, njen strogi i neumoljivi otac koji zna sve o finansijskim nepriliakma cekinog izabranika i njegovom predjasnjem skandaloznom zivotu, i sto je najvaznije, cinjenica da Kuper nepopravljivo mrzi decu i nikada ne zeli da ih ima, dok je ona brizni neonatolog koji spasava zivote prevremeno rodjenih beba sa ozbiljnim zdravstvenim problemima. Iako ova veza nije potrajala, preobrazila je glavnog junaka od bahate i nadobudne filmske zvezde u samosvesnog muskarca koji moze da se izdrzava, koji ima sopstveno dostojanstvo, koji zna sta znaci podrska, postovanje, razumevanje, ljubav, prijateljstvo i briga za druge. Osim ove price u knjizi se preplicu sudbine Marka Fridmana, kome je supruga Dzenet bila neverna posle sesnaest godina braka, i cija deca tinejdzeri ne odobravaju njenu novu vezu sa Adamom, koga nazivaju "gnjavatorom", "manipulatorom" i "ljigavcem", Dzimija O' Konora, cija je mlada i divvna supruga Megi preminula posle teske bolesti, Tarin Doherti, koja sve do svoje trideset devete godine nije znala da je u stvari Kupova vanbracna cerka, zaceta iz jedne kratkotrajne avanture sa jednom mladom glumicom, i Valeri o'Konor, Dzimijeve majke, udovice i bogate naslednice iz ugledne porodice bankara. Ovo je prica o skandalima, intrigama i banalnostima koje su neminovne u svetu javnih licnosti, ali i o prijateljstvu, pronalazenju pravih ljubavi, sazrevanju i skromnosti kao vrlini. Cudno je to da Aleksandra Medison, brizna lekarka puna samopregora i ljubavi prema deci hladnokrvno govori o abortusu kao najjednostavnijem resenju kada je njen voljeni Kup upleten u skandal sa starletom koja toboze ceka njegovo dete.  Jos je nelogicnije da Carlin posle tronedeljne avanture sa Kupom izjavi da je dva meseca u drugom stanju i da bi dete moralo biti njegovo i da svi likovi oko njega ne primecuju neslaganje u vremenskim periodima, pribojavajuci se njegove reakcije na ocinstvo.Ponasanje Aleksandre Medison i Valeri O'Konor, bogatih naslednica koje namerno kupuju odecu u prodavnicama polovne robe i zive kao da su siromasne, moze biti odraz njihove skromnosti ili bunta prema zivotu porodica sa kojima se nisu slagale, ali je donekle neshvatljivo zato sto imati svoj novac ne znaci biti snob, razmetljiv ili bezdusan. Bez produbljavanja karakternih osobina junaka, napisana laganim kolokvijalnim jezikom, ova knjiga predstavlja zabavno stivo pogodno za prekracivanje vremena prilikom putovanja  ili godisnjeg odmora. treba napomenuti i neke nepreciznosti i netacnosti u prevodu: "razmetljivi sin", trebalo bi da stoji "bludni sin" jer je aluzija na biblijsku epizodu ocigledna, umesto "nekoliko karti" pravilno je "nekoliko karata" itd.
Sa srecnim krajem i nizom vencanja na kraju (sa osobama koje ne samo da su voljene i pravi izbori glavnih junaka, vec i finansijski dobro obezbedjene), ova knjiga podseca na mnogobrojne popularne sapunske opere, cija je osnovna svrha opustanje i kratkotrajna zabava, a koje ipak porucuju da se dobro dobrim vraca i da se vrlina isplati, kao i da covek ne moze biti toliko sebican i ravnodusan prema drugima da ipak na kraju ne zasluzi da bude srecan, shvacen i voljen.  U kategoriji lake literature mozda zauzima vano mesto, ipak bi ovo delo moglo da ude bolje u mnogim aspektima: razvoju dogadjaja, realisticnosti situacija i neosporno, jeziku i stilu.

O mordomo resenha do filme

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Filme: O Mordomo
Género: Drama, biografia
Duração:132 min.
Com: forrest Whitaker, Oprah Winfrey, John Cusack, Jane Fonda, Cuba Gooding Jr. Robin Williams, Vanessa Redgrave
Realização: Lee Daniels
Uma história baseada em factos verídicos, inspirada na vida de Eugene Allen , americano negro que chegou a trabalhar na Casa Branca acompanhando o trabalho e as ideias de vários Presidentes americanos: desde Eizenhower até Regan e as mudanças de ideias oficiais em relação aos direitos da população negra nos Estados Unidos desde a discriminação absoluta, (a ida dos negros a escolas e igrejas separadas, lugares separados para negros e brancos nos cafés, casas de banho públicas) até ao direito dos negros a votarem, a terem o mesmo salário e a serem promovidos no trabalho, a serem congressistas e membros iguais das estruturas políticas, triunfando com a vitória de Obama, o primeiro Presidente negro.
com o nome alterado para as finalidades do filme (Cecile Gains) a personagem do mordomo conta paralelamente a sua história pessoal (que começa com o duro trabalho de um menino negro e da sua família nas plantações de algodão e a morte brutal do seu pai, através da sua posição de "preto da casa", criado numa pastelaria, nos melhores hotéis e finalmente na Casa Branca) e a história do desenvolvimento da nação americana. Tentando servir da melhor forma os Presidentes americanos, Cecile aprende a ser quase invisível nos salões, ouvindo todas as suas conversas e não reagindo a elas, mostrando-se leal e fiel, mas não subserviente ou subversivo. Ao mesmo tempo é marido de Glória, uma antiga criada de hotel e pai de Louis e Charles. Mesmo que aparentemente não esteja demasiado presente nas suas vidas e problemas diários, Cecile é um homem honesto, agradecido com o Estado americano, que tenta ensinar os mesmos valores aos filhos, o que nem sempre é fácil. O mais velho estuda muito, lutando abertamente contra as injustiças e discriminações raciais, chegando a ser preso várias  vezes. O mais novo tenta agradar sempre ao pai e não apresentar-lhe problemas em termos de comportamento. Por causa dos seus ideais vai para a guerra do Vietname, onde é morto. A morte do filho mais novo e o comportamento não aceitável do mais velho são apenas pontos de partida que fazem com que o mordomo questione os seus princípios e ideais e a reflectir sobre o propósito e utilidade da guerra. Interessante é também a cena da discussão entre os irmãos em que Charles refere que vai ao Vietname para lutar pelo seu país, criticando Louis por lutar contra ele. Após a morte do irmão, Louis chega a licenciar-se, levar uma vida exemplar e ser congressista, lutando desta forma  pelos direitos dos negros na América. Este filme coloca perante os espectadores várias questões: a possibilidade de uma sociedade melhor e mais tolerante com a diferença racial, o heroísmo, a educação correcta, o sacrifício, o individualismo, o orgulho, a gratidão, o poder (a nível individual e colectivo) e também questiona a América contemporânea e os seus valores: será ela um verdadeiro cenário de milagres em que tudo é possível até ter um presidente negro ou é tudo apenas uma propaganda bem-sucedida que esconde problemas sérios. A discriminação dos negros nos Estados Unidos continua a existir e é impossível erradicá-la, mas são indubitáveis algumas melhorias pelo menos no período entre 1952 e 1986, em que este mordomo trabalhou na Casa Branca. Altamente moral e entregue ao seu trabalho, Cecile Gains nunca utilizou a sua influência junto dos Presidentes para melhorar a posição do seu filho na prisão, nem para tirar qualquer proveito pessoal. Foi por isso que tinha sido uma das pessoas mais respeitadas entre todo o pessoal auxiliar. Uma vez convidado para uma recepção importante, sente toda a sua importância e nele nasce o dilema entre o gosto de servir e de ser servido, revelando a sua ambição, nunca usada no sentido negativo da palavra e sempre virada para o bem da nação americana.  A personagem central foi muito bem construída, tal como a da sua esposa, modesta, honesta e sempre fiel ao marido, que sonha com conhecer um pouco a vida despreocupada dos habitantes da Casa Branca, mas que está consciente do seu lugar, amando incondicionalmente o pai dos seus filhos independentemente do seu prestígio e poder.
Com um elenco magnificamente escolhido e uma excelente realização, uma banda sonora composta pelo português Rodrigo Leão e uma excelente qualidade de imagens, este filme é uma brilhante obra cinematográfica que merece a atenção do público.

O Profundo Mar Azul, filme

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Filme: O Profundo Mar Azul
Género: Drama
Duração: 98 min.
Cinema: Lusomundo Amoreiras
Com: Rachel  Weisz, Tom Hiddleston
Realização: Terrence Davies
O filme aborda muitos estereótipos relacionados com o amor e casamento. A protagonista Hester é uma jovem bela que não se importa demasiado com as convenções sociais, casada com um prestigiado juíz muito mais velho do que ela, O marido não lhe dedica suficiente atenção, o que a leva a apaixonar-se por Freddie, um atraente piloto, que  procura diversão, adrenalina e pouca responsabilidade na vida. Enquanto dura a paixão sexual, tudo entre eles parece funcionar bem e ela não tem quaisquer dilemas em relação à transgressão que comete e ao seu casamento. Tendo a plena consciência de estar apaixonada, não tem medo da raiva ou vingança do marido, nem do que os outros possam pensar dela. No filme muitod factos são reveladores de que a relação entre Hester e Freddie se baseia apenas no erotismo: não conversam muito e sobretudo não de temas importantes, ele nunca lhe pergunta quais são os seus planos, alegrias, preocupações, sentimentos. Apenas fala em si, agrada-lhe saber que está no centro das atenções, sendo no fundo uma pessoa fútil e imatura. Os problemas no relacionamento começam por uma razão bastante banal:  Freddie esquece o dia dos anos de Hester e ela fica furiosa. Por seu turno, o marido de Hester é uma pessoa digna, que a ama e protege de uma forma quase paternal, conhece os seus gostos e oferece-lhe os  Sonetos de Shakespeare como prenda de anos. Aconselha-a, avisa-a que o verdadeiro amor não se reduz apenas à componente erótica e entende a sua paixão pelo jovem piloto como um capricho passageiro.
Um pormenor interessante em todo o filme é a história de amor entre a empregada da pensão em que a protagonista se encontra com o seu amante. Ela e o marido, ja idosos, amam-se apesar da doença dele e as dificuldades que passam.
Embora a história de todos os amores que o filme apresenta seja muito previsível e ponha em evidência o que é já demasiado conhecido,um dos pontos fortes desta obra cinematográfica é a excelente actuação dos protagonistas e a atenção que se presta nos pormenores: a decoração da casa de Hester, os vestidos, os ambientes. A qualidade de imagem atribui a este filme uma beleza particular, que talvez possa compensar um pouco as ideias estereotipadas.

martes, 11 de junio de 2013

as grandes esperanças

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Filme: As Grandes Esperanças

Género: Drama

Duração: 128 min.

Realização: Mike Newell

Com: Helena Bonham Carter, Ralph Fines, Jason Flemyng, Jeremy Irwine


Baseada na célebre obra de Charles Dickens, esta é a mais recente adaptação cinematográfica que novamente levanta as sempre actuais questões da gratidão, ingratidão, ambições, humildade, amizade, amor e sacrifício, o direito de se perseguir um sonho e o preço que cada indivíduo tem que pagar para atingir o seu objectivo. Quando Pip fica sem mãe, a sua irmã mais velha, casada com um ferreiro, acolhe-o. Frustrada e amargada com a vida que leva, a pobreza e as suas crises nervosas, ela maltratra o menino, enquanto o seu marido o protege e é muito amigo. Um dia, depois de ter levado uma empada de porco e aguardente ao estranho prisioneiro que encontra no cemitério, Pip começa a sentir mudanças na sua vida. Foi convidado para casa de uma mulher de comportamentos não muito aceitáveis para diverti-la e nessa casa lúgubre, sombria e cheia de mistérios conhece Stella, uma menina bonita mas altiva, por quem se apaixona e que vai ser a razão de ele desejar abandonar o ofício de ferreiro para se tornar num cavalheiro de alta sociedade londrina. No seu percurso irá aprender a lidar com desilusões, a descobrir quem são os seus amigos, quem o ama e quem deseja apenas aproveitar-se do seu novo estatuto social-. Cresce e amadurece, mas também enfrenta grandes provas e tentações, por momentos esquece a sua origem humilde, humilha o ferreiro Joe nos restaurantes sofisticados de Londres, para depois de uma série de perdas e reviravoltas, Pip consegue atingir o seu sonho, de ser um verdadeiro “gentleman” e recordar todo o bem que os outros lhe fizeram, regressando à casa onde passou a infância e confirmando que foi ali onde aprendeu os maiores valores que o guiaram ao longo da vida: a honestidade, a modéstia, o amor pelos próximos, a gratidão e a persistência.

As personagem do prisioneiro misterioso, capaz de sacrificar a sua liberdade na Austrália para ver o “seu menino” feliz e a do ferreiro Joe, que o criou com muito amor e devoção são muito bem construídas, representando os exemplos de abnegação e gratidão, enquanto no próprio Pip há oscilações, muito realistas nas situações em que uma pessoa bruscamente se torna no que não tinha sido nunca antes. Estes momentos de ambição e ingratidão para ele foram formas de fortalecer a sua personalidade, de purificar o que é menos bom no seu carácter e de se mostrar digno não apenas do seu novo estatuto social como de amor e do bem que os seus protectores lhe fizeram. Stella, por sua vez é a personificação de altivez de uma menina criada para ser dama, fria, calculada, um pouco arrogante também, sem saber que ela na realidade é a filha ilegítima do prisioneiro misterioso que ajuda Pip e uma assassina. Nela também é visível a gratidão pela senhora que a criou e que ela considera como mãe, embora com todos os outros se porte de uma forma distanciada e um pouco depreciativa também. Ainda que diga que o seu amor por Pip foi o que a transformou profundamente, está disposta de o magoar muitas vezes e de o humilhar em público para realizar a sua relação com um nobre.

Esta é uma obra muito bem realizada e com a excelente actuação dos protagonistas, um filme que provoca fortes emoções e que convida para a reflexão sobre temas eternos, e sem dúvida há que recomendá-la.

resenha de "Antes da Meia-noite"

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Filme: Antes da Meia-Noite

Género: Drama

Duração: 108 min.

Realização: Richard Linklater

Com: Ethan Hawke, Julie Deply, Athina Rachel Tsangari, Yota Argyropolou


Na Peloponésia do Sul, numa recôndita vila de praia Jessie, um escritor prestigiado e Celine, uma francesa que procura um emprego que a deixe profissionalmente realizada, passam férias com as suas duas filhas gémeas e com Hank, filho adolescente do primeiro casamento de Jessie. Num ambiente romântico impregnado de cheiros e sabores mediterrânicos, que seria ideal para os encontros românticos e o reforço do amor, o casal não para de discutir, sufocado pela realidade quotidiana. Ele, depois de ter-se despedido do seu filho, que vive com a mãe em Chicago, de repente sente a necessidade de ser um bom pai, de ganhar a sua confiança, de vê-lo crescer e de o acompanhar nos seus momentos importantes. Ela, preocupada com a energia eólica, o ambiente, o feminismo e tudo menos as suas duas filhas e o namorado, deseja desenvolver-se profissionalmente, mostrando que é muito mais que uma mulher submissa e obediente. Conversando com os habitantes da vila, os seus anfitriões, Ariadne e Stefanos, o pai de Stefanos, escritor idoso e viúvo que amou muito a sua esposa, com um casal jovem e com muitas pessoas que passam estas semanas com eles, começam a interrogar-se sobre o amor, a possibilidade de se amar uma vez só, se a ideia de encontrar a alma gémea é um mito ou não, ouvem outras variantes sobre o que o amor é: a protecção, o relembrar constante dos pequenos detalhes do rosto amado, a confiança, o perdão, a companhia. Nestes momentos eles próprios começam a reconstruir o seu passado, recordando situações que os tinham aproximado (uma conversa durante a viagem de combio que os dois fizeram a Paris, as razões de se sentirem atraídos um pelo outro, como é que nasceram as suas filhas, como a vida é marcada por cada acontecimento importante desde o nascimento das meninas) etc. Nesta conversa há sempre um pouco de ironia e de intenção de Celine a mostrar-se superior ao namorado (imitando a “loura estúpida” que supostamente ele sempre desejava ter ao seu lado, revelando que as suas filhas eram fruto da primeira noite em que eles não tinham usado os preservativos, a intenção de diminuir o valor dos seus livros).

Quando finalmente conseguem estar um pouco os dois sós, sem o barulho das filhas e a demasiada atenção dos outros, tudo parece indicar que vão encontrar alguma força que os una novamente, até começarem a culpar um o outro pelos erros do seu passado (o casamento falhado de Jessie e a sua decisão de sair de Chicago, deixar o filho e ir a Paris, a impossibilidade de Celine de perseguir a sua carreira, as recriminações que ela lhe faz por tudo: pelos cuidados excessivos que ela dedica à casa, ao filho dele, ás gémeas, o facto de não ter sido consultada nem sequer sobre o destino das férias, o facto de ele a deixar sempre sozinha quando vai a outras cidades a leccionar nas universidades. Tudo, até a ideia de ter feito uma salada grega para ele “para ele a comer como um porco”, a forma em que ele faz amor é um motivo de desagrado, Para ele, o motivo das discussões e dos ciúmes são as numerosas aventuras que Celine tinha tido antes e durante a sua relação. Nessa conversa surgem também questões banais como o envelhecimento, se o rabo dela vai ter o mesmo aspecto físico quando tiver oitenta anos, o que é que os vai manter juntos depois de tantos anos. Pela forma do que é que os dois vêem nas brigas diárias das filhas (ele vê uma razão desnecessária de exprimir a raiva e agredir os outros e ela vê a forma de se obter aquilo que se deseja) e como as educam, é mais do que evidente que eles são pessoas fundamentalmente diferentes. Se a mãe ensina as filhas que a maçã que uma delas não conseguiu terminar e que o pai comeu significa egoísmo e roubar a comida aos outros, enquanto o pai pretende transmitir os valores como a partilha e a preocupação pelos outros, estas duas personagens não chegariam a viver juntos pelo resto da vida. Ele é um sonhador, bondoso, que está disposto a investir no amor que tem, aceitando a pessoa que o faz feliz com todos os seus defeitos, ela faz os possíveis para o mudar, desprezar tudo o que ele faz, tentando mostrar-lhe que é melhor e superior em todos os segmentos da vida.

No final do filme o casal reencontra-se numa bela esplanada e consegue reconciliar-se porque uma imaginária “carta do futuro” que Jessie escreveu á sua mada, prometendo-lhe uma noite inesquecível e intensa da paixão.

Este filme pretende ridiculizar todos os mitos de amor, o casamento, a fidelidade, o realismo na percepção dos outros, a compreensão, a busca dos sonhos, o apoio mútuo, banalizando até uma relação sexual até ao ponto de um instinto animalesco. O papel da mulher é visto de uma forma retorcida, apenas como a devoradora de homens que deve perseguir a sua carreira, não sabendo sequer como acalmar as suas filhas quando choram e querem dormir. Qualquer pensamento ao casamento é-lhe repugnante até ao ponto de fazer piadas de mau gosto no meio de uma milenária capela bizantina, de mentir às suas filhas que é casada, para “não arruinar o seu sonho de contos de fadas”, diminui o valor de todas as célebres mulheres que fizeram grandes logros na vida, ou porque já tinham cinquenta anos, ou porque lutaram pela fé. É desvalorizada até Juana de Arco, apenas por ter morrido virgem é aprova-se a atitude de Celine de ir acompanhar um antigo namorado no seu momento de luto e de ter uma aventura com ele.

Embora tenha um final que promete a felicidade e uma longa vida deste casal na felicidade e no amor mútuo, este filme parece um entre muitos com esta temática.

 A mãe de Hank, é pouco mencionada no filme e a sua personagem devia ter sido mais aprofundada, porque apenas o que se sabe dela é a versão de Celine, que a vê como “frustrada e alcoólica”) e as poucas frases que Hank pronuncia no início do filme (que ela iria odiar Jessie se aparecesse no recital de piano do filho). Seria interessante vê-la aparecer pelo menos numa situação, para poder-se verificar até que ponto ela é realmente tão envenenada pelo ódio, ou essa é a imagem que a sua rival pretende incutir ao seu filho.

Umas magníficas imagens da Grécia que são justamente o que dá um toque romântico e misterioso a este filme e a boa actuação de Ethan Hawke são os poucos pontos fortes desta obra, que apesar de tudo vale a pena ver, porque transmite a mensagem de que é necessário conhecer-se a si mesmo e lutar pelo amor.

o grande dia

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

 Filme: O Grande Dia

Género: Drama, comédia romântica

Duração: 100 min.

Realização: Justin Zackham

Com: Robert de Niro, Susan Sarandon, Diane Keaton

Don e Ellie são duas pessoas de meia-idade, divorciados há muito tempo, que têm dois filhos biológicos e um adoptado, Alejandro, originalmente de Colômbia. Quando o rapaz se decide casar, convida a sua mãe natural, a sua irmã e os familiares colombianos, apresentados como católicos fanáticos e retrógrados. Para satisfazerem a família biológica do seu filho, os protagonistas fingem estar juntos, como um casal feliz. Claramente, isso não resulta e descobrem-se muitos segredos e hipocrisias e aventuras amorosas escondidas durante muito tempo nas duas famílias.

É uma típica história de amor abundante em preconceitos e ignorância (Veneza é o sítio onde se fala a língua de Alejandro, as mulheres colombianas são todas apresentadas como conservadoras e atrasadas, é mau ser-se virgem). Este filme apresenta um choque de culturas demasiado simplificado: os americanos são os que têm a razão e os latino-americanos como hipócritas que detrás da sua insistência nos preceitos da Igreja Católica escondem a sua promiscuidade. É extremamente feia a imagem da irmã biológica de Alejandro que sem sequer saber o nome do rapaz sentado ao lado dela, lhe põe a mão dentro das calças, como também a ideia de que “em Colômbia não se necessitam os fatos de banho”, porque as raparigas nadam todas nuas. Cai-se também no clichê no desenrolar da situação em que o irmão adoptivo de Alejandro é profissionalmente realizado, virgem aos vinte e nove anos (por uma convicção romântica de encontrar o seu verdadeiro amor), que se recusa durante anos a ter aventuras com as enfermeiras do seu trabalho e com todas as outras raparigas que o procuram apenas para obrigarem-no a ceder, ao ver a bonita e apaionada colombiana esquece logo todas as suas ideias e vive com ela uma noite de paixão intensa. A final tudo se descobre, o pai de Alejandro casa-se com a sua amante de muitos anos (amiga da sua primeira esposa), Alejandro casa-se, o seu irmão também, a sua irmã adoptiva reconcilia-se com o marido ao saber que finalmente vai ser mãe e tudo se resolve como numa telenovela. O filme toca de uma forma bastante superficial nos assuntos da família, o casamento, o amor, a educação dos filhos (religiosa ou não), a virgindade (masculina e feminina), a amizade, a vida sexual, a confiança e não deixa perceber por que é mau ser-se conservador, guardar uma boa relação com os pais, por que é retrógrado acreditar em Deus, confessar-se e seguir uma convicção, como também não deixa saber por que é bom terem-se situações não-resolvidas dentro da família e viver-se com isso.

Além da excelente actuação dos três actores principais, o filme não tem muito mais a dar aos seus espectadores, além da ideia da amizade entre Ellie e a sua rival, que perdurou no tempo apesar de a primeira ter sido a esposa e a segunda a amante de Don. É uma de muitas histórias sobre os pais e sogros sem qualquer profundidade, embora um par de vezes se tenha intentado impingir ao público uma ou outra “frase sábia” sobre a vida e o amor e a aceitação do Outro.

só precisamos de amor

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Filme: Só Precisamos de Amor

Género: Drama

Duração: 116 min.

Realização: Susanne Bier

Com: Kim Bodnia, Molly Blixt Egelind, Pierce Brosnan

Cinema: El Corte Inglés

Depois de voltar da última sessão de quimo-terapia e de receber a feliz notícia de que está curada, Ida volta para casa pensando que iria alegrar o seu marido Life, de quem está segura que a aceita e ama tal como é. Em vez disso, apanha-o com uma bela e jovem colega de trabalho. Como desculpa ouve a resposta do marido que estava cansado dela e da sua doença e que precisava de satisfazer as suas necessidades físicas. Indignada e triste, decide ir sozinha à Itália, para assistir ao casamento da filha. Depois de um pequeno acidente de carro no aeroporto, conhece Philipp, a quem considera a pessoa mais antipática e rabugenta que jamais tinha conhecido. Além de ser o pai do noivo da filha de Ida, é um homem de negócios com muito sucesso na sua carreira, que parece inacessível e rude, escondendo na verdade a sua vulnerabilidade e tristeza por ter perdido a esposa há muitos anos.

O casal principal nesta história, os jovens que se deveriam casar e que deveriam estar radiantes de felicidade, estão atormentados pelas suas dúvidas, fingimentos, desejos de deixar uma boa impressão perante os outros, sufocando a sua relação com trivialidades (porque é que em todo o tempo das preparações do casamento não tinham relações, se ele ainda a deseja etc.), para no final resultar que o noivo é homossexual, frustrado por não ter tido a devida atenção e amor paternal, e que se pretendia casar apenas para criar uma imagem de filho perfeito. A rapariga, também, sendo contra o casamento e bastante superficial nos seus projectos de se casar, quer fazê-lo sem ela mesma saber a razão. Enquanto os jovens se revelam como pessoas sem força nem desejo para enfrentar os desafios da vida, sem sonhos nem ideais, sem motivação nem um alvo por que lutar, os mais velhos e maduros, Ida e Philipp já sabem claramente o que querem, querem dar o seu apoio, amizade, compreensão. Os dois redescobrem como lidar com a dor, a perda, a indiferença e o preconceito dos outros. Ela, apesar de ser cabeleireira numa localidade pequena na Dinamarca e apesar de ter uma vida bastante recolhida, decide aventurar-se e partir em direcção da Itália, desprezar o seu marido e reconstruir a sua vida, sem saber ainda se o seu cancro voltou a aparecer ou os sintomas foram apenas um falso alarme.

Paralelamente com estas duas histórias de amor desenrola-se a aventura entre Life e a sua jovem amante, que se baseia apenas numa atracção física temporária, o que se revela no dia do casamento da filha de Life, em que ela bebe muito, comporta-se como uma mulher vulgar, tentando seduzir o próprio filho do seu amante.

Mais do que um filme de amor, é uma obra que nos faz reflectir sobre as questões como: onde é que termina o amor e começa o desejo de que os outros tenham pena dos nossos problemas, se mais vale a solidão ou um casamento que cumpre com as convenções sociais, o que é necessário para uma relação funcionar…

Mesmo que pareça estereotipado em alguns aspectos, o filme fala de relações familiares arruinadas, do egoísmo, da amizade, das falsas aparências, de que o amor não é mito e que é necessário um grande esforço para uma pessoa se conhecer a si própria e aos outros.

Com umas esplêndidas imagens da Itália,  e uma boa actuação de Pierce Brosnan, este é um bom passatempo para um fim da tarde, como também é uma boa escolha para os que gostam de perceber melhor os seres humanos com todos os seus defeitos, preocupações sonhos e temores.










sábado, 8 de junio de 2013

um quarteto inesquecível

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Filme: Quarteto
Género: Drama
Duração: 98 min.
Realização: Dustin Hoffman
Com. Maggie Smith, Tom Courtenay,  Billy Conolly, Pauline Collins
Cinema: El Corte Inglés
Num lar para músicos reformados e abastecidos no Reino Unido depois de muitos anos e por coincidências da vida encontram-se quatro amigos solitários: Jean, Reginald, Cissy e Wilf, antigamente brilhantes na sua carreira de artistas, agora envelhecidos e quase esquecidos. O que os une, para além da música, é a sua solidão, uma vez que nenhum deles conseguiu realizar-se no plano pessoal e familiar. Sem filhos nem netos para os acompanharem na velhice, estas quatro pessoas aprendem a redescobrir a amizade, o valor do apoio mútuo, da sinceridade e do amor, aprendendo a aceitarem.se a si mesmos e os outros tal como são. Uma antiga história de amor entre Jean e Reggie, que perdurou no tempo é o fio condutor que leva os protagonistas desta história a reconhecerem que a vaidade, as ambições humanas e a fama não têm valor nenhum quando se chega a uma determinada idade e quando as pessoas enfrentam doenças, isolamento e medos. Homenageando o aniversário de Verdi, juntam-se para cantar mais uma vez o célebre Quarteto de "Rigoletto", celebrando a beleza da vida, da arte e de todos os momentos de felicidade intensa que fez as suas vidas tão ricas e únicas. As personagens são muito bem construídas:  Reggie é um eterno romântico e sonhador, fiel a um único amor, Jean é um pouco vaidosa, perfeccionista e desfruta da sua fama, não permite que os outros vejam a sua fraqueza, sendo na realidade uma excelente amiga que ajuda Cissy nos seus momentos de Alzheimer. Cissy, faladora e à primeira vista desleixada, deseja a felicidade de todos os que a rodeiam e Wilf "o grande malandreco", com as suas piadas inocentes de teor erótico não ofende ninguém e afirma que a vida é bela. Com elementos de humor, este filme na verdade é um drama que glorifica o direito de viver, sentir, apaixonar-se, reconciliar-se, esquecer o rancor e começar de novo a qualquer idade. É também uma obra que aborda o choque geracional (na aula sobre o rap e a ópera ou no momento em que Reggie e Jean surpreendem dois jovens amantes), trata das questões do gosto (será que apenas a música clássica é cultura e os outros géneros são "um barulho tremendo"? Será que os jovens podem gostar da "alta cultura" ou devem inventar e criar as suas formas de expressão?).
Com uma alta qualidade das imagens e fotografias muito bem feitas, com a brilhante realização e actuação, com os ambientes exteriores e interiores muito bem escolhidos, este filme é uma combinação de todas as artes que não deixa os espectadores indiferentes e que desperta a esperança, sublinhando que a vida é bele em todos os seus aspectos. A cena em que Jean e Reggie apertam as mãos e começam a cantar é apenas um dos pormenores emocionantes sobre a maturidade, amor, crescimento pessoal e os pequenos momentos que valem ser recordados na vida.

sábado, 18 de mayo de 2013

O comboio nocturno para Lisboa

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Filme: O comboio nocturno para Lisboa
Género: Drama
Com: Jeremy Irons, Adriano Luz, Beatriz Batarda
Realização: Billie August
Cinema. El Corte Inglés
Um professor de meia idade, que tem a sua vida estável e organizada e o seu emprego seguro em Berna, um dia impede a uma jovem de cometer o suicídio atirando-se duma ponte. No bolso do casaco dela encontra o livro "O Ourives das Palavras" de Amadeu de Almeida Prado e decide apanhar o comboio nocturno para Lisboa, indo à procura da história de vida do poeta e da rapariga, proprietária do livro. Esta decisão introduzirá uma mudança radical na sua vida, vai proporcionar-lhe o desejo e a curiosidade de conhecer todos os cantos mais recônditos da cidade de Lisboa, que aos seus olhos se revela como um lugar encantador, libertador e acolhedor. Chegando ar reconstruir a história dos acontecimentos imediatos ao 25 de Abril (cujo participante directo era também o poeta e pensador português Amadeu de Almeida Prado), começa a compreender melhor a sua criação literária, ideias políticas, revolta contra Deus, a Igreja Catlica, as convenções sociais. No seu percurso, que também era uma forma de o Professor se conhecer melhor a si próprio, encontra uma senhora que não o considera aborrecido e que se apaixona por ele.
Um filme baseado em factos reais, bastante emocionante e comovedor, mais do que sobre a vida de uma das figuras importantes da cultura portuguesa, fala sobre o valor e a importância da vida, da poesia, da amizade, dos peqenos momentos que fazem a felicidade das pessoas, da  poesia, da liberdade e das oportunidades que surgem ao longo da vida. O filme termina com a despedida do Professor e a sua amada na Estação do Rossio, sem se deixar a saber se ele chega a voltar à sua vida segura, ou decide ficar em Lisboa, cidade das suas grandes descobertas, aventurando-se a viver a sua felicidade tardia. Esta é uma obra cinematográfica sobre o choque de culturas e modos de pensar, a identificação com o Outro como uma forma de auto-conhecimento, a procura de um caminho próprio e a felicidade. A excelente actuação de  Jeremy Irons, as encantadoras imagens da cidade de Lisboa e um argumento muito bem narrado são algumas das mais-valias deste filme. Entre os seus pontos menos fortes salientar-se-ia o facto de as personagens que desempenham o papel de portugueses falem sempre inglês e de algumas das localidades não corresponderem ao nome que se lhes dá no filme.  Este é um convite para ler-se a obra de Amadeu de Almeida Prado, de reflectir-se sobre a recente história de Portugal e para se pensar sobre alguns dos temas universais como a posição do indivíduo no mundo e a procura de um sentido da vida.