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martes, 11 de junio de 2013

as grandes esperanças

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Filme: As Grandes Esperanças

Género: Drama

Duração: 128 min.

Realização: Mike Newell

Com: Helena Bonham Carter, Ralph Fines, Jason Flemyng, Jeremy Irwine


Baseada na célebre obra de Charles Dickens, esta é a mais recente adaptação cinematográfica que novamente levanta as sempre actuais questões da gratidão, ingratidão, ambições, humildade, amizade, amor e sacrifício, o direito de se perseguir um sonho e o preço que cada indivíduo tem que pagar para atingir o seu objectivo. Quando Pip fica sem mãe, a sua irmã mais velha, casada com um ferreiro, acolhe-o. Frustrada e amargada com a vida que leva, a pobreza e as suas crises nervosas, ela maltratra o menino, enquanto o seu marido o protege e é muito amigo. Um dia, depois de ter levado uma empada de porco e aguardente ao estranho prisioneiro que encontra no cemitério, Pip começa a sentir mudanças na sua vida. Foi convidado para casa de uma mulher de comportamentos não muito aceitáveis para diverti-la e nessa casa lúgubre, sombria e cheia de mistérios conhece Stella, uma menina bonita mas altiva, por quem se apaixona e que vai ser a razão de ele desejar abandonar o ofício de ferreiro para se tornar num cavalheiro de alta sociedade londrina. No seu percurso irá aprender a lidar com desilusões, a descobrir quem são os seus amigos, quem o ama e quem deseja apenas aproveitar-se do seu novo estatuto social-. Cresce e amadurece, mas também enfrenta grandes provas e tentações, por momentos esquece a sua origem humilde, humilha o ferreiro Joe nos restaurantes sofisticados de Londres, para depois de uma série de perdas e reviravoltas, Pip consegue atingir o seu sonho, de ser um verdadeiro “gentleman” e recordar todo o bem que os outros lhe fizeram, regressando à casa onde passou a infância e confirmando que foi ali onde aprendeu os maiores valores que o guiaram ao longo da vida: a honestidade, a modéstia, o amor pelos próximos, a gratidão e a persistência.

As personagem do prisioneiro misterioso, capaz de sacrificar a sua liberdade na Austrália para ver o “seu menino” feliz e a do ferreiro Joe, que o criou com muito amor e devoção são muito bem construídas, representando os exemplos de abnegação e gratidão, enquanto no próprio Pip há oscilações, muito realistas nas situações em que uma pessoa bruscamente se torna no que não tinha sido nunca antes. Estes momentos de ambição e ingratidão para ele foram formas de fortalecer a sua personalidade, de purificar o que é menos bom no seu carácter e de se mostrar digno não apenas do seu novo estatuto social como de amor e do bem que os seus protectores lhe fizeram. Stella, por sua vez é a personificação de altivez de uma menina criada para ser dama, fria, calculada, um pouco arrogante também, sem saber que ela na realidade é a filha ilegítima do prisioneiro misterioso que ajuda Pip e uma assassina. Nela também é visível a gratidão pela senhora que a criou e que ela considera como mãe, embora com todos os outros se porte de uma forma distanciada e um pouco depreciativa também. Ainda que diga que o seu amor por Pip foi o que a transformou profundamente, está disposta de o magoar muitas vezes e de o humilhar em público para realizar a sua relação com um nobre.

Esta é uma obra muito bem realizada e com a excelente actuação dos protagonistas, um filme que provoca fortes emoções e que convida para a reflexão sobre temas eternos, e sem dúvida há que recomendá-la.

resenha de "Antes da Meia-noite"

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Filme: Antes da Meia-Noite

Género: Drama

Duração: 108 min.

Realização: Richard Linklater

Com: Ethan Hawke, Julie Deply, Athina Rachel Tsangari, Yota Argyropolou


Na Peloponésia do Sul, numa recôndita vila de praia Jessie, um escritor prestigiado e Celine, uma francesa que procura um emprego que a deixe profissionalmente realizada, passam férias com as suas duas filhas gémeas e com Hank, filho adolescente do primeiro casamento de Jessie. Num ambiente romântico impregnado de cheiros e sabores mediterrânicos, que seria ideal para os encontros românticos e o reforço do amor, o casal não para de discutir, sufocado pela realidade quotidiana. Ele, depois de ter-se despedido do seu filho, que vive com a mãe em Chicago, de repente sente a necessidade de ser um bom pai, de ganhar a sua confiança, de vê-lo crescer e de o acompanhar nos seus momentos importantes. Ela, preocupada com a energia eólica, o ambiente, o feminismo e tudo menos as suas duas filhas e o namorado, deseja desenvolver-se profissionalmente, mostrando que é muito mais que uma mulher submissa e obediente. Conversando com os habitantes da vila, os seus anfitriões, Ariadne e Stefanos, o pai de Stefanos, escritor idoso e viúvo que amou muito a sua esposa, com um casal jovem e com muitas pessoas que passam estas semanas com eles, começam a interrogar-se sobre o amor, a possibilidade de se amar uma vez só, se a ideia de encontrar a alma gémea é um mito ou não, ouvem outras variantes sobre o que o amor é: a protecção, o relembrar constante dos pequenos detalhes do rosto amado, a confiança, o perdão, a companhia. Nestes momentos eles próprios começam a reconstruir o seu passado, recordando situações que os tinham aproximado (uma conversa durante a viagem de combio que os dois fizeram a Paris, as razões de se sentirem atraídos um pelo outro, como é que nasceram as suas filhas, como a vida é marcada por cada acontecimento importante desde o nascimento das meninas) etc. Nesta conversa há sempre um pouco de ironia e de intenção de Celine a mostrar-se superior ao namorado (imitando a “loura estúpida” que supostamente ele sempre desejava ter ao seu lado, revelando que as suas filhas eram fruto da primeira noite em que eles não tinham usado os preservativos, a intenção de diminuir o valor dos seus livros).

Quando finalmente conseguem estar um pouco os dois sós, sem o barulho das filhas e a demasiada atenção dos outros, tudo parece indicar que vão encontrar alguma força que os una novamente, até começarem a culpar um o outro pelos erros do seu passado (o casamento falhado de Jessie e a sua decisão de sair de Chicago, deixar o filho e ir a Paris, a impossibilidade de Celine de perseguir a sua carreira, as recriminações que ela lhe faz por tudo: pelos cuidados excessivos que ela dedica à casa, ao filho dele, ás gémeas, o facto de não ter sido consultada nem sequer sobre o destino das férias, o facto de ele a deixar sempre sozinha quando vai a outras cidades a leccionar nas universidades. Tudo, até a ideia de ter feito uma salada grega para ele “para ele a comer como um porco”, a forma em que ele faz amor é um motivo de desagrado, Para ele, o motivo das discussões e dos ciúmes são as numerosas aventuras que Celine tinha tido antes e durante a sua relação. Nessa conversa surgem também questões banais como o envelhecimento, se o rabo dela vai ter o mesmo aspecto físico quando tiver oitenta anos, o que é que os vai manter juntos depois de tantos anos. Pela forma do que é que os dois vêem nas brigas diárias das filhas (ele vê uma razão desnecessária de exprimir a raiva e agredir os outros e ela vê a forma de se obter aquilo que se deseja) e como as educam, é mais do que evidente que eles são pessoas fundamentalmente diferentes. Se a mãe ensina as filhas que a maçã que uma delas não conseguiu terminar e que o pai comeu significa egoísmo e roubar a comida aos outros, enquanto o pai pretende transmitir os valores como a partilha e a preocupação pelos outros, estas duas personagens não chegariam a viver juntos pelo resto da vida. Ele é um sonhador, bondoso, que está disposto a investir no amor que tem, aceitando a pessoa que o faz feliz com todos os seus defeitos, ela faz os possíveis para o mudar, desprezar tudo o que ele faz, tentando mostrar-lhe que é melhor e superior em todos os segmentos da vida.

No final do filme o casal reencontra-se numa bela esplanada e consegue reconciliar-se porque uma imaginária “carta do futuro” que Jessie escreveu á sua mada, prometendo-lhe uma noite inesquecível e intensa da paixão.

Este filme pretende ridiculizar todos os mitos de amor, o casamento, a fidelidade, o realismo na percepção dos outros, a compreensão, a busca dos sonhos, o apoio mútuo, banalizando até uma relação sexual até ao ponto de um instinto animalesco. O papel da mulher é visto de uma forma retorcida, apenas como a devoradora de homens que deve perseguir a sua carreira, não sabendo sequer como acalmar as suas filhas quando choram e querem dormir. Qualquer pensamento ao casamento é-lhe repugnante até ao ponto de fazer piadas de mau gosto no meio de uma milenária capela bizantina, de mentir às suas filhas que é casada, para “não arruinar o seu sonho de contos de fadas”, diminui o valor de todas as célebres mulheres que fizeram grandes logros na vida, ou porque já tinham cinquenta anos, ou porque lutaram pela fé. É desvalorizada até Juana de Arco, apenas por ter morrido virgem é aprova-se a atitude de Celine de ir acompanhar um antigo namorado no seu momento de luto e de ter uma aventura com ele.

Embora tenha um final que promete a felicidade e uma longa vida deste casal na felicidade e no amor mútuo, este filme parece um entre muitos com esta temática.

 A mãe de Hank, é pouco mencionada no filme e a sua personagem devia ter sido mais aprofundada, porque apenas o que se sabe dela é a versão de Celine, que a vê como “frustrada e alcoólica”) e as poucas frases que Hank pronuncia no início do filme (que ela iria odiar Jessie se aparecesse no recital de piano do filho). Seria interessante vê-la aparecer pelo menos numa situação, para poder-se verificar até que ponto ela é realmente tão envenenada pelo ódio, ou essa é a imagem que a sua rival pretende incutir ao seu filho.

Umas magníficas imagens da Grécia que são justamente o que dá um toque romântico e misterioso a este filme e a boa actuação de Ethan Hawke são os poucos pontos fortes desta obra, que apesar de tudo vale a pena ver, porque transmite a mensagem de que é necessário conhecer-se a si mesmo e lutar pelo amor.

o grande dia

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

 Filme: O Grande Dia

Género: Drama, comédia romântica

Duração: 100 min.

Realização: Justin Zackham

Com: Robert de Niro, Susan Sarandon, Diane Keaton

Don e Ellie são duas pessoas de meia-idade, divorciados há muito tempo, que têm dois filhos biológicos e um adoptado, Alejandro, originalmente de Colômbia. Quando o rapaz se decide casar, convida a sua mãe natural, a sua irmã e os familiares colombianos, apresentados como católicos fanáticos e retrógrados. Para satisfazerem a família biológica do seu filho, os protagonistas fingem estar juntos, como um casal feliz. Claramente, isso não resulta e descobrem-se muitos segredos e hipocrisias e aventuras amorosas escondidas durante muito tempo nas duas famílias.

É uma típica história de amor abundante em preconceitos e ignorância (Veneza é o sítio onde se fala a língua de Alejandro, as mulheres colombianas são todas apresentadas como conservadoras e atrasadas, é mau ser-se virgem). Este filme apresenta um choque de culturas demasiado simplificado: os americanos são os que têm a razão e os latino-americanos como hipócritas que detrás da sua insistência nos preceitos da Igreja Católica escondem a sua promiscuidade. É extremamente feia a imagem da irmã biológica de Alejandro que sem sequer saber o nome do rapaz sentado ao lado dela, lhe põe a mão dentro das calças, como também a ideia de que “em Colômbia não se necessitam os fatos de banho”, porque as raparigas nadam todas nuas. Cai-se também no clichê no desenrolar da situação em que o irmão adoptivo de Alejandro é profissionalmente realizado, virgem aos vinte e nove anos (por uma convicção romântica de encontrar o seu verdadeiro amor), que se recusa durante anos a ter aventuras com as enfermeiras do seu trabalho e com todas as outras raparigas que o procuram apenas para obrigarem-no a ceder, ao ver a bonita e apaionada colombiana esquece logo todas as suas ideias e vive com ela uma noite de paixão intensa. A final tudo se descobre, o pai de Alejandro casa-se com a sua amante de muitos anos (amiga da sua primeira esposa), Alejandro casa-se, o seu irmão também, a sua irmã adoptiva reconcilia-se com o marido ao saber que finalmente vai ser mãe e tudo se resolve como numa telenovela. O filme toca de uma forma bastante superficial nos assuntos da família, o casamento, o amor, a educação dos filhos (religiosa ou não), a virgindade (masculina e feminina), a amizade, a vida sexual, a confiança e não deixa perceber por que é mau ser-se conservador, guardar uma boa relação com os pais, por que é retrógrado acreditar em Deus, confessar-se e seguir uma convicção, como também não deixa saber por que é bom terem-se situações não-resolvidas dentro da família e viver-se com isso.

Além da excelente actuação dos três actores principais, o filme não tem muito mais a dar aos seus espectadores, além da ideia da amizade entre Ellie e a sua rival, que perdurou no tempo apesar de a primeira ter sido a esposa e a segunda a amante de Don. É uma de muitas histórias sobre os pais e sogros sem qualquer profundidade, embora um par de vezes se tenha intentado impingir ao público uma ou outra “frase sábia” sobre a vida e o amor e a aceitação do Outro.

só precisamos de amor

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Filme: Só Precisamos de Amor

Género: Drama

Duração: 116 min.

Realização: Susanne Bier

Com: Kim Bodnia, Molly Blixt Egelind, Pierce Brosnan

Cinema: El Corte Inglés

Depois de voltar da última sessão de quimo-terapia e de receber a feliz notícia de que está curada, Ida volta para casa pensando que iria alegrar o seu marido Life, de quem está segura que a aceita e ama tal como é. Em vez disso, apanha-o com uma bela e jovem colega de trabalho. Como desculpa ouve a resposta do marido que estava cansado dela e da sua doença e que precisava de satisfazer as suas necessidades físicas. Indignada e triste, decide ir sozinha à Itália, para assistir ao casamento da filha. Depois de um pequeno acidente de carro no aeroporto, conhece Philipp, a quem considera a pessoa mais antipática e rabugenta que jamais tinha conhecido. Além de ser o pai do noivo da filha de Ida, é um homem de negócios com muito sucesso na sua carreira, que parece inacessível e rude, escondendo na verdade a sua vulnerabilidade e tristeza por ter perdido a esposa há muitos anos.

O casal principal nesta história, os jovens que se deveriam casar e que deveriam estar radiantes de felicidade, estão atormentados pelas suas dúvidas, fingimentos, desejos de deixar uma boa impressão perante os outros, sufocando a sua relação com trivialidades (porque é que em todo o tempo das preparações do casamento não tinham relações, se ele ainda a deseja etc.), para no final resultar que o noivo é homossexual, frustrado por não ter tido a devida atenção e amor paternal, e que se pretendia casar apenas para criar uma imagem de filho perfeito. A rapariga, também, sendo contra o casamento e bastante superficial nos seus projectos de se casar, quer fazê-lo sem ela mesma saber a razão. Enquanto os jovens se revelam como pessoas sem força nem desejo para enfrentar os desafios da vida, sem sonhos nem ideais, sem motivação nem um alvo por que lutar, os mais velhos e maduros, Ida e Philipp já sabem claramente o que querem, querem dar o seu apoio, amizade, compreensão. Os dois redescobrem como lidar com a dor, a perda, a indiferença e o preconceito dos outros. Ela, apesar de ser cabeleireira numa localidade pequena na Dinamarca e apesar de ter uma vida bastante recolhida, decide aventurar-se e partir em direcção da Itália, desprezar o seu marido e reconstruir a sua vida, sem saber ainda se o seu cancro voltou a aparecer ou os sintomas foram apenas um falso alarme.

Paralelamente com estas duas histórias de amor desenrola-se a aventura entre Life e a sua jovem amante, que se baseia apenas numa atracção física temporária, o que se revela no dia do casamento da filha de Life, em que ela bebe muito, comporta-se como uma mulher vulgar, tentando seduzir o próprio filho do seu amante.

Mais do que um filme de amor, é uma obra que nos faz reflectir sobre as questões como: onde é que termina o amor e começa o desejo de que os outros tenham pena dos nossos problemas, se mais vale a solidão ou um casamento que cumpre com as convenções sociais, o que é necessário para uma relação funcionar…

Mesmo que pareça estereotipado em alguns aspectos, o filme fala de relações familiares arruinadas, do egoísmo, da amizade, das falsas aparências, de que o amor não é mito e que é necessário um grande esforço para uma pessoa se conhecer a si própria e aos outros.

Com umas esplêndidas imagens da Itália,  e uma boa actuação de Pierce Brosnan, este é um bom passatempo para um fim da tarde, como também é uma boa escolha para os que gostam de perceber melhor os seres humanos com todos os seus defeitos, preocupações sonhos e temores.










sábado, 8 de junio de 2013

um quarteto inesquecível

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Filme: Quarteto
Género: Drama
Duração: 98 min.
Realização: Dustin Hoffman
Com. Maggie Smith, Tom Courtenay,  Billy Conolly, Pauline Collins
Cinema: El Corte Inglés
Num lar para músicos reformados e abastecidos no Reino Unido depois de muitos anos e por coincidências da vida encontram-se quatro amigos solitários: Jean, Reginald, Cissy e Wilf, antigamente brilhantes na sua carreira de artistas, agora envelhecidos e quase esquecidos. O que os une, para além da música, é a sua solidão, uma vez que nenhum deles conseguiu realizar-se no plano pessoal e familiar. Sem filhos nem netos para os acompanharem na velhice, estas quatro pessoas aprendem a redescobrir a amizade, o valor do apoio mútuo, da sinceridade e do amor, aprendendo a aceitarem.se a si mesmos e os outros tal como são. Uma antiga história de amor entre Jean e Reggie, que perdurou no tempo é o fio condutor que leva os protagonistas desta história a reconhecerem que a vaidade, as ambições humanas e a fama não têm valor nenhum quando se chega a uma determinada idade e quando as pessoas enfrentam doenças, isolamento e medos. Homenageando o aniversário de Verdi, juntam-se para cantar mais uma vez o célebre Quarteto de "Rigoletto", celebrando a beleza da vida, da arte e de todos os momentos de felicidade intensa que fez as suas vidas tão ricas e únicas. As personagens são muito bem construídas:  Reggie é um eterno romântico e sonhador, fiel a um único amor, Jean é um pouco vaidosa, perfeccionista e desfruta da sua fama, não permite que os outros vejam a sua fraqueza, sendo na realidade uma excelente amiga que ajuda Cissy nos seus momentos de Alzheimer. Cissy, faladora e à primeira vista desleixada, deseja a felicidade de todos os que a rodeiam e Wilf "o grande malandreco", com as suas piadas inocentes de teor erótico não ofende ninguém e afirma que a vida é bela. Com elementos de humor, este filme na verdade é um drama que glorifica o direito de viver, sentir, apaixonar-se, reconciliar-se, esquecer o rancor e começar de novo a qualquer idade. É também uma obra que aborda o choque geracional (na aula sobre o rap e a ópera ou no momento em que Reggie e Jean surpreendem dois jovens amantes), trata das questões do gosto (será que apenas a música clássica é cultura e os outros géneros são "um barulho tremendo"? Será que os jovens podem gostar da "alta cultura" ou devem inventar e criar as suas formas de expressão?).
Com uma alta qualidade das imagens e fotografias muito bem feitas, com a brilhante realização e actuação, com os ambientes exteriores e interiores muito bem escolhidos, este filme é uma combinação de todas as artes que não deixa os espectadores indiferentes e que desperta a esperança, sublinhando que a vida é bele em todos os seus aspectos. A cena em que Jean e Reggie apertam as mãos e começam a cantar é apenas um dos pormenores emocionantes sobre a maturidade, amor, crescimento pessoal e os pequenos momentos que valem ser recordados na vida.

sábado, 18 de mayo de 2013

O comboio nocturno para Lisboa

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Filme: O comboio nocturno para Lisboa
Género: Drama
Com: Jeremy Irons, Adriano Luz, Beatriz Batarda
Realização: Billie August
Cinema. El Corte Inglés
Um professor de meia idade, que tem a sua vida estável e organizada e o seu emprego seguro em Berna, um dia impede a uma jovem de cometer o suicídio atirando-se duma ponte. No bolso do casaco dela encontra o livro "O Ourives das Palavras" de Amadeu de Almeida Prado e decide apanhar o comboio nocturno para Lisboa, indo à procura da história de vida do poeta e da rapariga, proprietária do livro. Esta decisão introduzirá uma mudança radical na sua vida, vai proporcionar-lhe o desejo e a curiosidade de conhecer todos os cantos mais recônditos da cidade de Lisboa, que aos seus olhos se revela como um lugar encantador, libertador e acolhedor. Chegando ar reconstruir a história dos acontecimentos imediatos ao 25 de Abril (cujo participante directo era também o poeta e pensador português Amadeu de Almeida Prado), começa a compreender melhor a sua criação literária, ideias políticas, revolta contra Deus, a Igreja Catlica, as convenções sociais. No seu percurso, que também era uma forma de o Professor se conhecer melhor a si próprio, encontra uma senhora que não o considera aborrecido e que se apaixona por ele.
Um filme baseado em factos reais, bastante emocionante e comovedor, mais do que sobre a vida de uma das figuras importantes da cultura portuguesa, fala sobre o valor e a importância da vida, da poesia, da amizade, dos peqenos momentos que fazem a felicidade das pessoas, da  poesia, da liberdade e das oportunidades que surgem ao longo da vida. O filme termina com a despedida do Professor e a sua amada na Estação do Rossio, sem se deixar a saber se ele chega a voltar à sua vida segura, ou decide ficar em Lisboa, cidade das suas grandes descobertas, aventurando-se a viver a sua felicidade tardia. Esta é uma obra cinematográfica sobre o choque de culturas e modos de pensar, a identificação com o Outro como uma forma de auto-conhecimento, a procura de um caminho próprio e a felicidade. A excelente actuação de  Jeremy Irons, as encantadoras imagens da cidade de Lisboa e um argumento muito bem narrado são algumas das mais-valias deste filme. Entre os seus pontos menos fortes salientar-se-ia o facto de as personagens que desempenham o papel de portugueses falem sempre inglês e de algumas das localidades não corresponderem ao nome que se lhes dá no filme.  Este é um convite para ler-se a obra de Amadeu de Almeida Prado, de reflectir-se sobre a recente história de Portugal e para se pensar sobre alguns dos temas universais como a posição do indivíduo no mundo e a procura de um sentido da vida.

miércoles, 1 de mayo de 2013

Não à maneira chilena

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Filme: Não
Género: Drama
Duração:118 min.
Com: Gael García Bernal, Alfredo Castro, Antonia Zegers, Christopher Reeve, Jane Fonda, Richard Dreyfuss
Realização: Pablo Larrain
Em 1988 pressionado internacionalmente o presidente e ditador chileno Augusto Pinochet convoca um referendo no qual se decidiria o futuro do Chile: os chilenos tinham duas opções ou votar em mais oito anos do seu Governo, ou um caminho novo de transição e democracia. Tudo dependia apenas de duas palavras: "sim" ou "não" e de uma boa campanha eleitoral, de uma propaganda bem conseguida e de uma mensagem correctamente transmitida mais do que propriamente das ideias políticas. Os ieólogos do "não" decidem contratar um jovem, criador também dos anúncios de um refrigerante conhecido (curiosamente chamado FREE (livre), que quase que foi profético dentro do contexto que favoreceu a derrocada do regime totalitário. Este espírito criativo deve inventar uma campanha diferente, que garanta uma maior comparência ´ás urnas, que desperte interesse nos mais novos e que elimine o medo nos mais velhos, sendo ao mesmo tempo alegre e tocando nos temas sérios tais como desaparecimentos, mortes, censuras, recessão. O símbolo da vitória, á primeira vista um pouco infantil e irrisório, um arco íris, pode ter uma múltipla simbologia (unir todos os chilenos independentemente das pertenças políticas em prol de um objectivo comum- uma vida mais feliz e despreocupada, como também pode ser uma vaga alusão á aliança do Antigo Testamento que prometia que não haveria mais dilúvios.) Do mesmo modo este arco-íris prometia o "não" á censura, á fome, á violência, ao suicídio e muita outras questões importantes que atormentavam o Chile de Pinochet, mas que permaneciam escondidos devido à política  opressora do regime.
Seria interessante observar este filme do ponto de vista das tácticas de marketing tanto da perspectiva das imagens, que oferecem uma visão do mundo divertida e provocadora (jovens dançando nas ruas, piqueniques na natureza,alusões a alguns episódios históricos) e por outro lado as formulações frásicas negativas, que pretendem chamar a atenção para o lado optimista e humorístico da vida.
Vale notar também que no filme se tocam os temas da indiferença em relação ao sofrimento dos outros (no caso da senhora que vota no regime antigo porque os seus filhos estão bem, estudando ou trabalhando, enquanto não mostra muita sensibilidade em relação aos joven.s desaparecidos), as campanhas sujas, a luta pelos ideais, a procura da felicidade pessoal, o medo (do próprio criador da campanha pelo seu filho e ex-mulher no meio do caos e do desordem nas ruas), questiona os regimes totalitários no geral, salienta os efeitos das aparências (a voz do Presidente Pinochet parece muito indecisa, neutra, fraca), mas também convida para uma reflexão sobre se mais vale suportar um mal conhecido ou atrever-se a viver algo novo. Uma outra questão que se levanta é se é possível votar numa campanha tão alegre e prometedora sem ser um pouco manipulado também. é curiosa a personagem do filho do protagonista, menino que não fala muito, mas observa tudo, absorve as impressões do mundo que o rodeiam, sendo ele o motivo principal da luta e da inspiração do pai.
Com um ligeiro humor latino-americano, uma excelente actuação de Gael García e muitas imagens bem-sucedidas este é um filme que perpetua uma parte da História chilena e  faz pensar nos valores universais, como também em segundo plano questiona a democracia financiada e apoiada pelos americanos e por isso vale muita pena vê-lo.

jueves, 25 de abril de 2013

ferrugem e osso

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...
Filme: Ferrugem e Osso
Género: Drama Duração: 120 min
Com: Matthias Schoenaerts, Marrion Cottiliard
Realização: Jacques Audiard.
Desempregado, sem dinheiro, sem amigos nem planos para o futuro, Ali deve começar a tomar conta do seu filho Sam. Até chegar á casa da da sua irmã, Ali juntamente com o menino passa dificuldades, fome, dores, frio etc. decidindo encontrar um emprego e organizar a sua vida, Ali começa a trabalhar como segurança numa discoteca, até que uma noite conhece uma jovem atraente que gosta de se sentir desejada e de suscitar o interesse dos homens. Um dia, no seu trabalho de treinadora de orcas, esta rapariga sofre um grave acidente e perde ambas as pernas. Com a ajuda de Ali consegue ir recuperando a sua auto-estima, reintegra-se na sociedade, aceita a nova situação do seu corpo e sentir-se amada e desejada outra vez.
Embora a intenção inicial do filme tivesse sido a de dar valor à vida, as relações interpessoais e ao carinho e amizade, é uma obra que assenta em várias fragilidades: em primeiro lugar não se refere o que é que tinha acontecido à mãe do menino (menciona-se apenas uma vez na pergunta quando é que a mãe vem, e na resposta do pai que ela voltaria em breve), e não se sabe se os pais se divorciaram, se a mãe morreu ou se os abandonou. As personagens centrais não são muito aprofundadas, sobre tudo no caso de Ali, que antes de correr o risco de perder o filho debaixo do gelo, é um pai violento, superficial, pouco sensível para as necessidades do filho, é desleixado, esquece-se de ir à escola e buscá-lo por causa das relações sexuais ocasionais num ginásio. É um pai que grita e não tem paciência com o filho, mostrando-se completamente diferente com a Stéphanie, rapariga que mal conhece, mas a quem se dedica inteiramente após o acidente que a deixou com grave deficiência. Com a sua irmã Ali também não tem uma relação muito próxima e nem sequer se esforça por estabelecê-la, sendo indirectamente culpado pela perda sua perda de emprego.
A única pessoa por quem mostra alguma compreensão é a treinadora de orcas. A relacionamento entre eles inicialmente baseia-se apenas numa sexualidade bastante bizarra (ela pretende descobrir se o seu corpo ainda é capaz de reagir a estímulos sexuais e ele quer mostrar que está "opé" (operacional) em qualquer momento. No filme há demasiadas cenas muito explícitas do corpo amachucado de Stéphanie, entregue ao prazer sexual, que por um lado afirmam que uma pessoa deficiente tem todo o direito de sentir, amar e ser desejada, e por outro parecem um tanto perversas, porque as cicatrizes, as tatuagens que dizem "esquerda" e "direita" e os restos das pernas que não foram atingidos pelo acidente provocam muita repulsa em quem vê, se não tiver em conta a pessoa concreta em questão. A relação entre os protagonistas aprofunda-se tornando-se cada vez mais um verdadeiro namoro cheio de apoio, confiança. O que une ainda mais os protagonistas no fim do filme são os seus defeitos físicos, uma vez que Ali partiu ambas as mãos tentando salvar o filho da morte.
Não podendo exercer nunca mais os seus trabalhos perigosos (o treino de orcas e as lutas na rua por dinheiro), Ali e Stéphanie compreendem que na vida há outros caminhos e outros valores: a amizade, a tolerância, a auto-aceitação e a plena aceitação do Outro.
Apesar de uma história muito emocionante, a excessiva violência e inúmeras e demasiado longas cenas das relações sexuais um tanto estranhas entre os protagonistas poderiam ser destacados como os seus pontos fracos.
Embora sem dúvida a sexualidade seja uma parte importante na vida das pessoas com alguma deficiência, não é o único aspecto que vale salientar e em que se deve insistir para elas serem consideradas normais. Mais importante no caso deste filme, é o reencontro de Stéphanie com os seus amigos (uma cena sem palavras, mas muito intensa), o desejo de voltar a ver as orcas e ultrapassar o seu trauma, a sua vontade de voltar a dançar e ir à discoteca, compreendendo as suas limitações. O momento em que os protagonistas se beijam na boca pela primeira vez é muito emocionante, porque revela uma verdadeira intimidade e cumplicidade e proximidade entre eles.
Por vezes demasiado longo e disperso em pormenores desnecessários (cenas em que a protagonista vai á casa de banho e em que se ouve a sua urinação, os pequenos furtos no supermercado feitos pela irmã de Ali), o filme é bastante realista e ao mesmo tempo optimista, fazendo reflectir sobre a beleza da vida, a intensidade dos pequenos momentos fugazes de felicidade, o amor, os rituais e o sentido das tragédias que purificam as pessoas e cristalizam as coisas e as situações.



lunes, 22 de abril de 2013

pedagogia através de enfrentar a dor

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Professor Lazhar

Título original:
Monsieur Lazhar
De:
Philippe Falardeau
Com:
Mohamed Fellag, Sophie Nélisse, Émilien Néron
Género:
Drama
Cinema: El Corte Inglés
 Após o suicídio de uma Professora dentro da sala de aula,inesperadamente chega o substituto, o Professor Bachir Lazhar, imigrante argelino, que usando métodos antigos (corrigindo os trabalhos de casa a vermelho, dando ditados, obrigando os alunos de onze anos de idade a lerem Balzac e a escreverem composições sobre a violência escolar, não permitindo que os alunos o tratem por "tu", redistribuindo as mesas outra vez em filas direitas) consegue ganhar a cnfiança dos alunos, despertar o interesse pela aprendizagem, pelas outras culturas e ajuda-os a crescerem, amadurecerem e ultrapassarem o trauma que a morte da sua Professora lhes tinha causado. Tendo sofrido uma perda muito grande recentemente (a sua esposa foi vítima do terrorismo no seu país de origem),  o Professor Bachir Lazhar, cujo nome próprio é bastante simbólico (Bachir significa "portador de boas notícias" e "Lazhar" significa "afortunado"), tenta trazer para a sala de aula os temas da perda, da morte, da violência e encontra uma grande resistência por parte dos outros colegas e sobretudo da Directora da escola, que é da opinião que as crianças devem ser educadas evitando quaisquer perguntas ou noções sobre os temas "difíceis". Como resposta aos métodos do novo Professor, a Direcção da escola sempre lhe menciona a morte da Professora Martine e o respeito que se deve ter pela memória dela. Levantando a questão se o suicídio dentro da sala de aula também não seria uma falta de respoeito com os alunos, o Professor consegue lidar com este problema, fomentar discussão entre os alunos e esclarecer que a morte da sua colega anterior não foi culpa de nenhum deles, especialmente não de Simon, aluno que a repeliu violentamente e que lhe negou um abraço.
Pelo que os alunos contam sobre a Professora Martine e pelo que se vê na fotografia que um dos alunos lhe tinha tirado (a dar aulas com um par de asas nas costas), vê-se que os seus métodos eram bastante alternativos, que permitia aos alunos que a tratassem pelo nome e não pelo título, que fomentava trabalhos de grupo e espírito de equipa, mas que mesmo assim não conseguia lidar com a sua ansiedade, o que a levou a cometer o suicídio dentro da escola. Nada se sabe, porém sobre a razão da sua angústia, nem acerca da sua relação com o marido, a não ser que ele não apareceu na escola para buscar as coisas que lhe pertenciam), nada se sabe sobre as dificuldades reais que teria esta Professora no seu trabalho (uma vez que a sua turma não revelava comportamentos particularmente preocupantes), mas o que se sabe certamente é que não sabia lidar com a sua dor de forma mais apropriada.
Além da figura marcante do Professor Lazhar, as personagens de Simon, da menina Alice, a aluna mais madura da turma e de Victor, caracterizado como "atrasado mental" estão construídas de uma excelente forma, mostrando toda a profunidade dos seus temores, preocupações, pensamentos, reflexões e inquietações mais íntimas. A fotografia e uma excelente realização reforçam a beleza desta história emocionante sobre o papel da educação correcta e dos bons professores no percurso da vida de cada criança. Este é um filme sobre a tristeza, a dor, a perda, a culpa, mas também sobre a amizade, o apoio, o respeito, a integração na sociedade (no caso do aluno árabe que tem que falar francês no horário das aulas e dos intervalos, sendo essa a língua oficial do Quebec), do amor e da esperança, que triunfam e que ensinam valores para a vida. Por isso esta é uma grande obra de arte que vale a pena ver e que por causa da sua forte componente pedagógica é recomendável para ser vista nas escolas, tanto pelos alunos como pelos pais e Professores.

sábado, 13 de abril de 2013

poema á mulher, tradução

BEM-VINDOS AO APAIXONANTE MUNDO DE LETRAS PRECIOSAS E IMAGENS ENCANTADORAS, SEJAM LEITORES, OBSERVADORES, CRÍTICOS E PALAVRÓFILOS, LEIAM, LEIAM, LEIAM. MESMO QUE UM PROVÉRBIO POPULAR SÉRVIO DIGA QUE "A CABEÇA É MAIS VELHA QUE O LIVRO", ISTO É QUE O PENSAMENTO É MAIS ANTIGO QUE A ESCRITA, LEIAM, ISSO AGUÇA O ESPÍRITO, ENRIQUECE O VOCABULÁRIO E A ALMA, DESPERTA A CURIOSIDADE E FAZ VOS PALAVRÓFILOS CURIOSOS TAMBÉM...

Jован Дучић

 ПЕСМА ЖЕНИ

Ти си мој тренутак, и мој сен, и сјајна
Моја реч у шуму; мој корак, и блудња;
Само си лепота колико си тајна;
И само истина колико си жудња.
Остај недостижна, нема и далека —
Јер је сан о срећи виши него срећа.
Буди бесповратна, као младост; нека
Твоја сен и ехо буду све што сећа.
 
Срце има повест у сузи што лева;
У великом болу љубав своју мету;
Истина је само што душа проснева;
Пољубац је сусрет највећи на свету.
Од мог привиђења ти си цела ткана,
Твој је плашт сунчани од мог сна испреден;
Ти беше мисао моја очарана;
Символ свих таштина поразан и леден,
А ти не постојиш нит си постојала;
Рођена у мојој тишини и чами,
На сунцу мог срца ти си само сјала:
Јер све што љубимо створили смо сами. ´
 
Poema`a  mulher  Jovan Ducic
 
Tu és o meu instante, minha sombra e luminosa
palavra minha no ruido, meu passo e divagação minha
Apenas es beleza quanto és misteriosa
e apenas és verdade quanto és ânsia.
 
Fica inalcançável, muda e longíngua
 o sonho da felicidade que a felicidade é maior
Sê irreversível, como a juventude  e que
 a tua sombra e eco sejam toda a memória
 
O coração tem história na lágrima que derrama,
na grande dor o seu alvo tem o amor
A verdade é apenas o que sonha a alma
o beijo é o encontro no mundo maior.

Da minha quimera tu toda és trançada

o teu manto de sol do meu sonho é urdido
tu eras a minha ideia encantada
símbolo de todas as vaidades,esmagador e frio.

Mas tu não existes nem existias jamais
no meu silêncio e tédio nascida
no sol do meu coração tu apenas brilhavas
porque a tudo o que amamos, nós mesmos demos vida.
Tradução: Anamarija Marinovic